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Segunda guerra da máfia

15-08-2010 23:21

A Segunda guerra da Máfia foi um conflito dentro da Máfia Sicíliana, desenvolvido principalmente a começos da década de 1980. Como é o caso com toda organização criminosa, a história da Máfia siciliana esta repleta de conflitos e brigas pelo poder, acompanhados por uma quota de violência, mas pelo geral estes são localizados e de curta duração. No entanto, a Segunda guerra da Máfia, às vezes chamada A grande guerra da Máfia ou a "Mattanza", envolveu a toda a Máfia e alterou de maneira radical o equilíbrio de poder dentro da organização.

Em forma bem mais pronunciada que a primeira, a Segunda guerra da Máfia compreendeu um nível surpreendente de violência, com mais de um milhar de homicídios. A guerra pelo geral localiza-se no período 1981 a 1983, e ainda que a maioria da violência ocorreu durante esses anos, os primeiros disparos tinham sido realizados para 1978, enquanto os investigadores e vencedores tinham preparando sua estratégia alguns anos antes. De forma similar, os vencedores continuaram com a matança até finais da década de 1980 enquanto desprendiam-se de seus aliados.

Em forma paralela com a guerra dentro da Máfia, desenvolveu-se também uma guerra contra o estado, e uma campanha de assassinatos deliberados de autoridades, tais como juízes, fiscaís e até políticos. A sua vez, a guerra produziu um ponto de "avaria" na luta contra a Máfia, com a ajuda dos "pentiti", mafiosos que colaboraram com as autoridades após terem perdido muitos amigos e familiares durante a Segunda guerra da máfia. Efectivamente, o conflito ajudou a levantar o cobertor de segredo que rodeava à Máfia.

Eventos prévios

Os mais violentos da Segunda guerra da Máfia foram os Corleonesi, a família mafiosa do povo de Corleone, conquanto contaram com o apoio de várias outras famílias mafiosas. Proveniente de um pequeno povo rural, as outras famílias da Máfia, especialmente pelos poderosos chefes urbanos na capital de Palermo, chamavam aos Corleonesi "os camponeses" (i viddani em siciliano). As coisas começaram a tomar um cariz diferente durante a década de 1960 quando o poder e prestígio dos Corleonesi cresceu baixo a liderança do brutal e ambicioso Luciano Leggio, quem era o chefe da Máfia de Corleone mediante o método cru mas efectivo de simplesmente assassinar ao chefe anterior.

Durante a década de 1970 a Máfia em Sicília continuou com seus negócios ilegais usuais depois dos Julgamentos à Máfia dos anos 60 tivessem concluído com umas poucas condenações. Os rivais principais dos Corleonesi eram Stefano Bontade, Salvatore Inzerillo e Gaetano Badalamenti, chefes de várias poderosas famílias mafiosas de Palermo. Em 1970 restabelece-se a Comissão da Máfia Siciliana, com Bontate e Badalementi ocupando duas dos três cargos de liderança na Comissão. O terceiro ocupava-o Leggio, conquanto estava representado por seu sub-chefe, Salvatore Riina dado que Leggio estava escondido em terra firme na Itália. Quando Leggio foi capturado em 1974 e encarcerado por assassinato, Riina cedo assumiu como chefe dos Corleonesi, com Bernardo Provenzano como seu segundo.

Durante a década de 1970, os Corleonesi começaram a conseguir aliados entre outras famílias mafiosas. Entre os que se aliaram com os Corleonesi se encontravam os chefes de Palermo Giuseppe Calò (chefe de Porta Nuova), Filippo Marchese (chefe de Corso Dei Mille) e Rosario Riccobono (chefe de Partanna Mondello). Para 1978, por razões desconhecidas, Riina arranjou-lhas para que não só se expulsasse a Badalamenti da Comissão, senão que se devesse exiliar da Máfia e de Sicília. Seu lugar foi ocupado pelo Padrinho de Ciaculli Michele "The Pope" Greco, que também estava aliado com Riina. Greco, Calò, Marchese e Riccobono, mantiveram suas alianças em segredo em frente a Bontate e Inzerillo.

Em Riina também organizou os assassinatos de Giuseppe Dei Cristina e Giuseppe Calderone, chefes de Riesi e Catania respectivamente. Ambos homens eram aliados de Bontade; seus sucessores eram aliados de Riina, quem lhes brindava apoio. Gradualmente, os chefes de Palermo e seus homens foram isolados.


A grande guerra da Máfia


O 23 de abril de 1981, Bontade foi ametrallado e morto, em umas poucas semanas depois o 11 de maio, Inzerillo foi destroçado por uma chuva de balas. Posteriormente vários familiares e sócios de Inzerillo e Bontade foram assassinados ou desapareceram sem deixar rastros, incluído o filho de Inzerillo de 15 anos de idade, quem foi assassinado por proclamar que vingaria a morte de seu pai. Badalamenti pôde sobreviver já que fugiu de Sicília depois que os Corleonesi o tivessem feito expulsar a fins da década de 1970.

Durante os dois anos posteriores muitos mais assassinatos sucederam-se, o banho de sangue fica ilustrado pelo facto que em um dia (o 30 de novembro de 1982) doze mafiosos foram assassinados em Palermo em doze incidentes diferentes. Os assassinatos cruzaram o Atlántico, e um dos irmãos de Inzerillo foi morrido em Nova Camisola depois de se ter escapado para os Estados Unidos, e um dos sobrinhos de Badalamenti apareceu desmembrado em um campo na Alemanha.

Entre os numerosos pistoleros a disposição dos Corleonesi e seus clãs aliados encontrava-se Giuseppe Greco de Ciaculli. Ele era um membro do clã Ciaculli liderado por seu tio, Michele "The Pope" Greco, ainda que em realidade estava às ordens de Riina. Um experiente atirador com um AK-47, suspeita-se que Giuseppe Greco matou umas oitenta pessoas por encarrego de Riina, incluídos Bontade e Inzerillo. Liderou uma "esquadra da morte" de pistoleros, que incluía a Mario Prestifilippo e Giuseppe Lucchese. Filippo Marchese, chefe do Corso Dei Mille, também teve um papel destacado nos assassinatos, ao igual que seu jovem sobrinho, Giuseppe Marchese (quem fosse capturado em 1982). Vincenzo Puccio, outro prolífico assassino, perdeu-se a maior parte da guerra já que esteve na prisão até 1983.

Entre 1981 e 1983 teve pelo menos 400 assassinatos da Máfia em Palermo e outros tantos em Sicília. Adicionalmente teve pelo menos 160 casos de mafiosos e seus colaboradores que desapareceram, vítimas do que se chama a lupara bianca (em siciliano "Escopeta Branca"), na que o corpo é completamente destroçado ou enterrado de forma que nunca possa ser achado.

Os Corleonesi e seus aliados foram os claros vencedores na guerra, sofrendo muito poucas baixas em suas famílias. Uma das razões era o sigilo e segredo no que se moviam. Enquanto alguns mafiosos levavam uma vida relativamente pública, Riina, Provenzano, Leoluca Bagarella e muitos de seus assassinos passavam muitos anos como fugitivos, raras vezes vistos por seus colegas mafiosos, ou o público.

O facto que muitos chefes se encoluminaram com os Corleonesi mas não lho comunicassem a outros mafiosos também jogou um papel destacado na campanha, já que ditos aliados continuavam tendo a confiança dos inimigos dos Corleonesi. Um exemplo disto ocorreu ao começo da guerra, quando seis membros das famílias mafiosas Bontade e Inzerillo foram convidados a uma reunião com um de seus supostos amigos. Este 'amigo' tinha-se em realidade aliado com os Corleonesi e nunca mais se voltou a ter notícias dos quatro que coincidiram à reunião. Um que não coincidiu foi Emanuele D'Agostino, quem suspeitou algo e em mudança junto com seu filho, procurou refúgio com um dos aliados mais antigos de Bontade, Rosario Riccobono. Por suposto, Riccobono tinha-se aliado em segredo com os Corleonesi, e D'Agostino e seu filho foram eliminados. O único dos seis homens que conseguiu sobreviver foi Salvatore Contorno, quem posteriormente sobrevive a uma tentativa de assassinato e se ocultou antes de ser capturado pela polícia.

Durante sua fuga, enviava cartas anónimas à polícia, contendo informação vital sobre a guerra. Isto era bom para as autoridades, que iam sabendo coisas sobre os clãs que iam perdendo, pois tinham pouca ideia sobre o que estava a ocorrer neste banho de sangue. Tradicionalmente os mafiosos mantinham um alto nível de segredo sobre suas actividades, e por isso durante a Segunda guerra da máfia as autoridades estavam às cegas tratando de entender os motivos, bandos e evolução da guerra. Por exemplo, quando Bontade foi assassinado,  pouco tempo depois inzerillo também o foi, a polícia pensava que tinha sido assassinado como um acto de traição de Inzerillo. A falta de informação deliberada também foi empregue pelos Corleonesi. Quando Inzerillo morreu, procurava pelo assassinato de Giuseppe Dei Cristina ocorrido para três anos, mas em realidade eram os Corleonesi que tinham assassinado Dei Cristina, e o tinham feito no território de Inzerillo para culpa-lo a ele. 

Finais da década de 1980

O resultado primário da Segunda guerra da Máfia foi a vitória dos Corleonesi e seus chefes, Salvatore Riina e Bernardo Provenzano. Em meados da década de 1980 eles estavam em controle de grande parte da Máfia e ao finalizar a década, depois de que muitos de seus aliados fossem eliminados ou enviados para a prisão, eles tinham o poder sobre a organização criminosa.

Este facto foi resumido por Salvatore Contorno que ao ser interrogado durante o Maxi Trial sobre os 'vencedores' e 'perdedores' da Segunda guerra da Máfia, declarou que "Os clãs ganhadores e perdedores não existem, porque os perdedores não existem. Eles, os Corleonesi, os mataram a todos."

Comentários:

Data: 14-07-2015

De: Lara

Assunto: Máfia

A história completa é muito boa ..

Data: 04-01-2013

De: pieretti

Assunto: pesquisa

muito bom!!!
poderia pesquisar sobre os pieretti de riesi, junto aos cristina?

Data: 07-10-2012

De: Mafia

Assunto: Aprender a escrever!

Aprende a escrever, kraleo!

Data: 31-07-2012

De: maxmanu

Assunto: loko

nossa muito bom