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Polícia encontra morto moldavo raptado por máfia.

26-11-2010 09:00

 

O cidadão moldavo Ruslan Rusnac, que as autoridades policiais procuravam desde o passado fim--de-semana, foi ontem encontrado morto, e os investigadores acreditam que terá sido raptado por quatro homens, já detidos.

As autoridades capturaram os quatro suspeitos de terem assassinado o imigrante que estava desaparecido há uma semana

 O corpo do imigrante estava em Cuba, no Alentejo, numa berma da Estrada Nacional 120, entre Grândola e Alcácer do Sal. Tapado por terra e vegetação, o cadáver foi desenterrado e levado a meio da tarde para o Instituto de Medicina Legal, em Beja, e aí identificado pelo único familiar que o homem mantinha em Portugal: a mulher, de 35 anos, também moldava.

Foi a mulher quem deu o alerta à GNR, contando que ambos tinham sido raptados de uma exploração agrícola da zona da Vidigueira, onde se encontravam a trabalhar e a residir, e mantidos prisioneiros em parte incerta.

Ao fim de algumas horas, ela acabou por ser libertada, no cruzamento das Sesmarias, perto da herdade onde ambos eram caseiros, mas o marido foi mantido sequestrado. A mulher apresentava vários ferimentos na cabeça e mostrava-se desorientada. O caso passou então para a Polícia Judiciária, que, desde aí, tentava localizar o homem.

Os raptores exigiriam o pagamento de "uma dívida", que se suspeita estar relacionada com a vinda do casal para Portugal, e terão sabido de uma poupança amealhada por ambos, já no Alentejo, no valor de cinco mil euros, que teria como destino a família que se mantém na Moldávia.

A Judiciária suspeita de um grupo criminoso que se dedica ao tráfico e exploração de mão-de-obra ilegal, utilizando imigrantes do leste europeu. No início da semana, um cidadão português, suspeito de estar relacionado com este caso, entregou-se na PJ. Seguiram--se as detenções, por parte desta polícia, na quarta-feira, de mais um cidadão moldavo, em Faro. E, ontem, mais dois suspeitos, um de nacionalidade moldava e outro português, seriam detidos pelas autoridades.

Fonte policial revelou que "este é mais um dos casos em que as dívidas por parte das vítimas parecem ser fictícias. Normalmente, tem acontecido aos imigrantes que possuem um negócio próprio".

De acordo com associações de apoios a imigrantes, são frequentes as contratações de pessoas nos países de origem, com documentação legal. Só que, mal chegam a Portugal, os documentos são-lhes retirados e exigidos pesados contributos "pelo favor de os terem trazido para cá". Os trabalhadores são controlados e alvo de ameaças, muitas vezes dirigidas também aos familiares que ficaram. O dinheiro é extorquido sem que os agressores tenham sequer a preocupação de deixar uma margem para o imigrante sobreviver.

Os quatro suspeitos são presentes hoje ao Ministério Público no Tribunal de Beja, acusados de associação criminosa, homicídio, rapto, sequestro, agressões e tentativa de extorsão.

O processo de trasladação do corpo para a Moldávia já está em curso.

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