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Máfias no Algarve marcam território.

25-10-2010 13:00

Tortura a escocês semelhante a actos praticados por criminosos turcos. Ingleses amputaram dedos a vítima para mostrar quem liderava o tráfico.

Os treze dias de tortura de que o escocês James Ross foi alvo deixaram a nu um Algarve bastante perigoso, dominado pelas máfias estrangeiras. Mais do que castigar a vítima pela dívida de 12 mil euros que tinha, os quatro detidos tentaram fazer de James Ross um exemplo para aqueles que queiram invadir o seu território no mundo do tráfico de droga. A Judiciária acredita mesmo que os ingleses enviaram os dedos amputados ao escocês a indivíduos de outras redes, como um prenúncio daquilo que lhes poderia vir a acontecer.

A violência dos actos praticados contra James deixou os próprios inspectores da PJ estupefactos. A forma como foi torturado assemelha-se bastante aos actos de tortura dos criminosos turcos, que costumam usar a amputação de membros em situações de ameaça.

O objectivo de John Maclean e dos cúmplices não era, no entanto, apenas torturar o escocês. Os ingleses chegaram mesmo a colocar James num carro e a lançá-lo em direcção à barragem de Santa Clara, em Boliqueime, Loulé. A viatura acabou por ficar atolada e os criminosos decidiram levar a vítima novamente para a ‘casa da tortura’ e incendiaram o carro para destruírem os vestígios.

O pesadelo que a vítima viveu tinha, contudo, já começado em Inglaterra. Em Agosto, James Ross esteve sequestrado durante dois dias com a esposa e as filhas, pelo que, no início do mês, quando os ingleses lhe pediram para vir a Portugal, o escocês aceitou, disposto a resolver as coisas de uma vez por todas. A vítima mal sabia que tinha caído numa armadilha. Duas horas depois de chegar ao aeroporto, os criminosos raptaram James e esconderam-no na casa, onde, durante dias a fio, foi torturado com recurso a facas e cutelos.

Ao ter conhecimento do desaparecimento, a PJ começou a investigar os criminosos e interceptou uma conversa na qual os ingleses falavam em atirar a vítima ao rio com uma pedra. Quatro homens foram de imediato presos. Um quinto membro acabou por fugir, o que permitiu a James, que as autoridades julgavam já estar morto, escapar. A PJ admite que possam existir mais elementos envolvidos no crime.

ENCONTRADO CARBONIZADO DENTRO DE CARRO

Na noite de 17 de Setembro, um carro em chamas foi encontrado perto de Santa Bárbara de Nexe, na zona norte do Concelho de Faro. Quando os bombeiros apagaram as chamas, encontraram o corpo de um homem, totalmente carbonizado, no interior.

Tudo aponta para que a vítima seja Raymond Patrick Grant, um inglês procurado desde 1998 pelas autoridades britânicas. Grant tinha fugido de Inglaterra dias antes de ser condenado a 15 meses de prisão, por não revelar onde estava o dinheiro reunido num esquema de ‘pirâmide’, por ele organizado. Terá andado um pouco por todo o Mundo, mas, nos últimos anos, viveu no Algarve. Nas primeiras peritagens, a Polícia Judiciária não descobriu indícios de crime na viatura e acredita que Raymond Grant terá cometido suicídio.

PERDERAM-SE AO REGRESSAR PARA CASA

Após incendiarem o carro, os ingleses tentaram regressar à casa onde durante dias torturaram James Ross. Os detidos andaram às voltas várias horas até que encontrarem finalmente a residência. Foi exactamente aí que a Polícia Judiciária fez durante toda a semana buscas. Na casa, os inspectores encontraram facas e cutelos que foram utilizados para torturar o escocês e para lhe amputar os cinco dedos e uma orelha. As divisões da residência tinham ainda um rasto de sangue e vários vestígios humanos, como pele e cabelos. Todos os elementos serão agora analisados em laboratório

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