Foi-me dito que a máfia de Bombaim deu armas a dois atiradores para me "eliminarem".
O escritor Salman Rushdie renunciou hoje à sua participação num festival de literatura na Índia, afirmando que temia pela sua vida. Radicais muçulmanos criticaram abertamente a sua presença no evento e fizeram ameaças de morte.
"Fui informado pelos serviços de informação (...) que assassinos a soldo de Bombaim poderiam estar a caminho de Jaipur para me tentar matar", afirmou o escritor num comunicado em que renuncia à sua participação no Festival Literário de Jaipur. Via Twitter, declarou-se "muito triste por não estar em Jaipur. Foi-me dito que a máfia de Bombaim deu armas a dois atiradores para me "eliminarem".
A presença de Salman Rushdie no festival reacendeu a controvérsia em torno do "Versículos Satânicos", livro considerado blasfematório por alguns muçulmanos e que esteve na origem de uma fatwa decretada pelo ayatollah Khomenei em fevereiro de 1989, incentivando a morte do escritor, nascido em Bombaim numa família muçulmana e naturalizado britânico.
A polémica reacendeu-se nas últimas semanas quando o líder da universidade islâmica Darul Uloom, berço do pensamento muçulmano pediu ao governo para impedir a entrada de Rushdie na India.
Na sequência das ameaças, o ministro de estado do Rajastão, onde está localizada a cidade de Jaipur, aconselhou Salman Rushdie a evitar a entrada no país por razões de segurança.
As ameaças ao escritor fizeram várias vítimas. O tradutor japonês de Salman Rushdie foi esfaqueado até à morte em 1991 e um mês depois o tradutor italiano foi espancado e esfaqueado por alguém que queria o endereço do escritor. Em 1993, foi o editor norueguês que foi alvejado, tendo ficado seriamente ferido.
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